Cubo Mágico

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Zoológico, Rosa e outras coisas

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Já ouvi dizer que SP tem uma média de 650 espetáculos teatrais encenados por ano. Uma matéria até recente da Beth Néspoli no Caderno2 traz um número tb, prometo procurar e atualizar isso aqui. Estou dizendo isso para questionar e pensar sobre o critério usado por guias e cadernos de cultura para indicar espetáculos, sejam os veículos independentes ou empresas de comunicação. Quando um é mais importante que o outro?

Foi pensando nisso que eu vi a lista do UOL. Só o fato de um portal falar de teatro já é muito louvável, é mais chance de as pessoas lerem sobre isso. Aí é que está justamente o problema: ler o quê? São 17 as indicações do UOL. Veja neste link. Não quero julgar o mérito das peças, mas o que explica O Zoológico de Vidro estar de fora, por exemplo? É a volta da Cássia Kiss aos palcos de SP com um texto foda do Tennessee Williams, dirigida por Ulisses Cruz no Sesc Anchieta (um palco bem foda). Dá pra dizer que o leitor do UOL foi mal informado.

3 peças para ver em janeiro

Cenas de 'O Zoológico de Vidro' (divulgação), 'Calígula' (Lenise Pinheiro) e 'Entre Divas e Senhoritas' (divulgação)

Falando em O Zoológico…, vale a pena principalmente para quem viu Rosa de Vidro no ano passado, que passou pelos Satyros e pelo CCSP. Foi uma delicada e sensibilíssima direção do Ruy Cortez para o mesmo texto do Tennessee e deu visibilidade a uma atriz que promete, a Júlia Bobrow. Depois da peça ela já foi convidada para Liz, também dos Satyros, e para a minissérie Além do Horizonte, que o Rodolfo García Vazquez dirigiu para a Cultura.

É uma delícia comparar montagens do mesmo texto. Não pelo julgamento, claro, isso é o de menos. É bacana identificar propostas artísticas diferentes, recortes, opções e intenções dos atores na interpretação, da direção, caminhos diferentes tomados por cada montagem. Às vezes detalhezinhos podem dar outro entendimento de determinada fala, gesto, e tocar o espectador que, em tese, já sabia o que aconteceria. Essa é a graça de remontar clássicos e de adaptá-los a situações de hoje (não é o caso de O Zoológico, mas, por exemplo, de Os Bandidos, no Oficina, e do Hamlet do Wagner Moura).

Falando nisso, ele reestreia no dia 16. Outras peças imperdíveis para janeiro são Calígula (ainda não vi), Navalha na Carne e Rainha[(s)].

Estou falando de tudo isso porque hoje, sexta-feira, é oficialmente a volta do calendário teatral paulistano, quando muita coisa estreia e reestreia. Mais duas coisas: 1) uma forcinha pra amiga de uma amiga, a Priscila Nicolielo, novíssima dramaturga que terá um texto encenado no CCSP a partir de hoje, o Entre Divas e Senhoritas. E, 2), quem anda de metrô viu anúncios da nova peça de Eri Johnson, Eri Pinta e Johson Borda, sobre a “trajetória” dele mesmo. Tire o ego da história. O que sobra no espetáculo?

Tá. Ficou puto com minha ironia sobre o teatro caça-níquel? Então mais uma indicação, meio velha mas que vale a pena ser lida: o texto do Marcelo Médici questionando o que de fato é o tal teatro comercial e denunciando a corrupção nos editais para financiar peças de teatro. Aqui.

Written by Lucas Pretti

janeiro 9, 2009 às 3:31

Uma resposta

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  1. […] Ir aos comentários Eu critiquei o UOL na semana passada por excluir O Zoológico de Vidro de uma lista das principais estreias do […]

    redenção « Cubo Mágico

    janeiro 14, 2009 at 13:05


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